sábado, 27 de agosto de 2011

Todo dia me perguntam sobre a crase...


Esta é a transcrição de um e-mail que respondi a um aluno que pedia dicas para estudar crase.



Há muitas regras para o uso correto da crase, mas não acho interessante transcrevê-las aqui. A “dica” que dou é que conhecer a regência de verbos e nomes ajuda muito nos casos de emprego de acento grave. Veja só: na frase “Ele se referiu à novela da Rede Globo”. O “a” recebeu acento grave porque tivemos a junção “aa”. O verbo “referir-se” exige a preposição “a” ( Quem se refere se refere A algo). “Novela” é uma palavra feminina no singular e, por isso, o artigo que a acompanha é o “a”. Sendo assim, houve a junção de “a” (preposição exigida pela regência do verbo) + “a” (artigo exigido pela palavra feminina). Para que se evidencie esse processo de junção de “aa”, que se chama crase, nós utilizamos o acento grave. Repare que a essa conclusão eu pude chegar pelo conhecimento que tenho sobre a regência do verbo “referir-se”. Para citar outro exemplo: “Responda à pergunta”. Eu sei que o verbo “responder” é transitivo indireto, ou seja, sua regência exige uso de preposição, nesse caso “a” ( quem responde responde A algo). Como “pergunta” é uma palavra feminina no singular, sei que o artigo que a acompanha é o “a”. Dessa forma, a junção “a” (preposição exigida pelo verbo) +” a”(artigo exigido pela palavra feminina) ocasionou o fenômeno da crase “aa”, que é representado pelo acento grave.
É claro que essa observação da regência do verbo e do nome não vai resolver todos os casos, mas vai te auxiliar bastante em muitas situações.

"Quem tem frase de vidro não atira crase na frase do vizinho".
"A crase não foi feita para humilhar ninguém".

Ferreira Gullar, in A Estranha Vida Banal, 1989.

4 comentários:

  1. Aprendi com o grande Laércio:
    "Se vou a e volto da, crase há;
    se vou a e volto de, crase pra quê?"

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  2. Receber comentário de um Escritor tão bom me deixa feliz!!!
    Quanto a esse macete, às vezes ele não dá certo. E isso pode ser assunto de outro post.
    Beijinho!

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  3. Aprendi com um grande professor uma regra que jamais me esqucerei: a no singular e palavara que segue no plural, cráse "nem a pau"!

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